AMT APRESENTOU ESTUDO OSP VERDES PARA UMA MOBILIDADE VERDADEIRAMENTE SUSTENTÁVEL
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) promoveu, esta quarta-feira, dia 6 de dezembro, o evento “Green Transport for a Greener Tomorrow” (ver aqui), no Pavilhão de Portugal da COP28, que decorre no Dubai (EAU).
Neste evento foi apresentado, pela primeira vez, o estudo “Obrigações de Serviço Público Verdes – OSP Verdes”, elaborado pela AMT, o qual define as grandes áreas prioritárias para a nova geração dos contratos de serviço público de transporte de passageiros, com o objetivo de implementar uma mobilidade verdadeiramente sustentável.
O evento promovido pela AMT contou com uma Mesa Redonda subordinada ao tema “O Papel dos Transportes para uma Transição Ambiental Justa e Equitativa”, com a participação de Jorge Delgado (Secretário de Estado da Mobilidade Urbana), Magda Kopczyńska, Diretora-Geral da Mobilidade e Transportes da Comissão Europeia (DG-MOVE), Luísa Salgueiro, Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses e Catarina Selada, Diretora de Políticas e Estratégia do Laboratório Colaborativo do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA).
DG-MOVE enaltece compromissos assumidos pela AMT
Após a visualização do vídeo de apresentação do estudo “Obrigações de Serviço Público Verdes – OSP Verdes”, a Diretora-Geral da Mobilidade e Transportes da Comissão Europeia enalteceu os compromissos assumidos pela AMT: “É muito bom ver uma autoridade de transporte de um Estado Membro a assumir todos estes compromissos”.
Magda Kopczyńska lembrou que “o transporte é um direito humano”, defendendo que “as pessoas têm o direito de se movimentar, o direito à mobilidade”.
No âmbito do combate às alterações climáticas e dos desafios de sustentabilidade atuais, a responsável da DG-MOVE admitiu que há muito trabalho a ser feito no setor dos Transportes e Mobilidade, mas recordou que é um setor que “não pode parar”.
Já em relação aos impactos da transição ambiental nos cidadãos e comunidades mais desfavorecidos, Magda Kopczyńska lembrou o papel do “Climate Social Fund”, que diz estar preparado para dar resposta a este problema.
No final da sua intervenção, a responsável da DG-MOVE admitiu a existência de “pobreza de transportes”, nomeadamente em determinados contextos e em determinadas localizações mais remotas, salientando que esta problemática “ainda não está a ser suficientemente observada a nível europeu”, nomeadamente “como está a afetar as pessoas, qual a escala ou quais os instrumentos que podem ser adotados”.
Jorge Delgado salienta que o grande investimento do Governo só agora começa a ter resultados
Questionado sobre o trabalho que está a ser feito pelo Governo português na área do transporte público de passageiros, o Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, vincou que este setor tem estado “no topo da lista de prioridades” para este Governo.
Jorge Delgado destacou que o Governo está a fazer uma aposta forte na sustentabilidade, salientando o papel da “inovação e tecnologia” para tornar o setor mais verde.
Mas lembrou também que, para além de “dinheiro”, há outras áreas que têm de ser trabalhadas, nomeadamente na “mudança de mentalidades” dos cidadãos.
Para além disso, lembrou que, sobretudo no que concerne à construção de infraestruturas, “precisamos de tempo”, realçando o caso português: “Começámos um grande plano de investimentos em 2016, mas só agora começamos a ver resultados”.
“Precisamos continuar este trabalho, são necessários investimentos no transporte público. Precisamos criar condições para que o transporte público seja para todos, que seja confortável, seguro e que resolva as necessidades das pessoas”, acrescentou o governante, concluindo com a necessidade de tornar os bilhetes e passes cada vez mais acessíveis do ponto de vista financeiro.
Luísa Salgueiro defende que não podem existir soluções sem envolvimento das autoridades locais
Enquanto Presidente da Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Luísa Salgueiro trouxe para a Mesa Redonda uma visão local, em particular dos municípios.
Defendendo que “as soluções de mobilidade devem estar incluídas nos planos dos municípios”, Luísa Salgueiro começou por concordar com o Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, ao admitir que ainda existe um caminho a fazer na mudança de mentalidade das pessoas, que continuam a privilegiar “o transporte individual”.
“Temos de envolver toda a gente”, defendeu a também presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, admitindo que “a infraestrutura demora tempo, mas a mudança de mentalidades ainda demora mais”.
Recordando que “tivemos décadas a construir cidades a pensar no uso do carro”, Luísa Salgueiro admitiu, porém, que se começa a ver já alguma mudança de mentalidades: “Acho que as novas gerações já não pensam da mesma forma, a forma como olham para as soluções de transporte já está a mudar”. Contudo, vincou que ainda falta muito trabalho, até porque muitas vezes ainda é necessário recorrer aos veículos pessoais “porque ainda não existem boas soluções”.
Luísa Salgueiro defendeu também o papel das autoridades locais na preparação e desenvolvimento de soluções de transportes, referindo que “Portugal e os outros países não podem olhar para soluções de transporte sem o envolvimento das autoridades locais”, argumentando ser necessário articular “planos locais, nacionais e europeus”.
A terminar a sua intervenção, a Presidente da Associação Nacional de Municípios defendeu a necessidade de criar condições para que “todos tenham as mesmas oportunidades de transporte”, admitindo que este é um grande desafio dos municípios.
CEiiA lembra a importância do envolvimento das novas gerações
Catarina Selada, Diretora de Políticas e Estratégia do Laboratório Colaborativo do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), teve uma intervenção sobretudo focada no trabalho de sensibilização que deve ser feito, em particular junto das novas gerações.
“Temos de envolver as novas gerações”, defendeu a responsável do CEiiA, acrescentando que é importante “adotar a tecnologia e a inovação para envolver a comunidade jovem”.
Na sua intervenção, Catarina Selada enalteceu um projeto que está a ser desenvolvido pelo CEiiA, em conjunto com o Município de Matosinhos e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco, no qual são quantificados os ganhos obtidos com a descarbonização através do uso de diferentes soluções de transportes.
Neste projeto específico, “os ganhos de redução de emissões são convertidos em tokens” e, no final do processo, “os jovens monetizam os seus tokens” e financiam projetos de sustentabilidade e projetos com impactos na sociedade.
O CEiiA tem em curso projetos similares com outros parceiros e em outras geografias do território português, mas admite ser importante criar mais projetos e envolver cada vez mais jovens.
AMT também pretende contribuir para a sensibilização das novas gerações
O desafio da mudança de mentalidades, privilegiando cada vez mais o uso de transportes públicos ao invés de veículos individuais, foi um dos principais focos deste debate. A literacia para uma mobilidade sustentável é também uma das apostas da AMT.
Uma das iniciativas que está a ser desenvolvida pela AMT nesta área é o projeto “Escolas hub de mobilidade sustentável”, o qual foi também apresentado na COP28.
A AMT divulgará em breve toda a informação sobre esta nova iniciativa.